Líderes querem avançar com PEC que limita decisões individuais no STF, mas defendem cautela para evitar represálias

  • 14/05/2025
(Foto: Reprodução)
Medida seria resposta a decisão do STF na ação envolvendo o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Proposta foi aprovada em 2023 no Senado e em 2024 na CCJ da Câmara. Líderes próximos ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), querem que o deputado instale uma comissão especial para analisar a PEC que limita as decisões individuais – chamadas de monocráticas – do Supremo Tribunal Federal (STF). A votação seria uma resposta ao STF pelo que os deputados consideram uma interferência direta na prerrogativa do parlamento de suspender o andamento de uma ação penal. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante sessão plenária. Bruno Spada/Câmara dos Deputados O pano de fundo é o caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). A Câmara suspendeu o andamento do processo em relação a todos os cinco crimes pelos quais o deputado responde. A 1ª Turma do STF limitou o alcance da decisão a apenas dois crimes e a Câmara entrou com nova ação pedindo que a decisão final seja do plenário da Corte. Dino comenta recurso de Motta sobre Ramagem: 'Se fosse assim, cada Poder teria sua bandeira e seu hino' A PEC das decisões monocráticas já passou pelo Senado em 2023 e teve aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em outubro de 2024. O debate de mérito em uma comissão especial é o próximo passo, antes do texto chegar ao plenário. “À medida que o Supremo tensiona há uma chance muito grande de se instalar a comissão”, disse um líder ao g1 e à GloboNews. Outros deputados evitam tratar o tema como uma “disputa” ou resposta ao STF, mas defendem a continuidade da PEC na Câmara. Hugo Motta aciona STF no caso Ramagem Cautela Os parlamentares, no entanto, defendem cautela com a matéria para evitar represálias da Corte. O texto está parado na Casa para evitar desgastar ainda mais a relação do Legislativo com o STF, já abalada pelo cabo de guerra em torno dos critérios de transparência determinados pelo Supremo na execução das emendas parlamentares. Com o caso Ramagem em evidência, porém, a pressão para dar uma resposta à Corte voltou. Segundo um líder muito próximo de Motta, entre as propostas que limitam as decisões do STF, essa é a que mais tem chances de ser aprovada, porque já teve aval dos senadores, com anuência do ex-presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), à época na presidência da Casa. "Todas as matérias oriundas do Senado já apreciadas lá terão prioridade da Câmara para a manutenção do atual estágio de parceria, diálogo e respeito entre as Casas", disse um líder. Após derrota unânime na Primeira Turma, Motta tenta distensionar relação com STF Por outro lado, há parlamentares que defendem cautela, inclusive porque uma eventual decisão do STF pode respingar neles. Uma das possíveis represálias citadas é a sinalização do ministro Flávio Dino em seu voto sobre o caso Ramagem. O magistrado entendeu que a suspensão da ação penal é restrita ao período do mandato do deputado. Ele delimitou expressamente uma data para encerrar a possibilidade de suspensão de uma ação: 31 de janeiro de 2027. Esses líderes dizem que, se a Câmara avançar com a PEC, os ministros podem formar entendimento na mesma linha de Dino, o que seria muito ruim para futuras (e prováveis) operações contra parlamentares. A proposta Chamada de PEC das decisões monocráticas, a proposta foi aprovada pelo Senado em novembro de 2023. A matéria ficou paralisada na Câmara até agosto de 2024, quando o então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu destravar o andamento da iniciativa em meio a decisões do STF que suspenderam a execução de emendas parlamentares. (relembre abaixo) Em 2024, CCJ da Câmara aprovou propostas para limitar poder do STF e derrubar decisões do tribunal O texto aprovado pelos membros da CCJ proíbe decisões tomadas por um único magistrado que: suspendam a eficácia de leis; suspendam atos do presidente da República suspendam atos presidentes da Câmara, do Senado e do Congresso. Pela proposta, as decisões individuais que suspendem leis continuarão permitidas em somente um caso: durante o recesso do Judiciário em casos de “grave urgência ou risco de dano irreparável”. A PEC estabelece que, neste caso, caberá ao presidente do tribunal tomar a decisão monocrática. E que, no retorno dos trabalhos, a medida precisará ser referendada pelo plenário do tribunal em até 30 dias. Além do STF, as mudanças promovidas pela PEC também serão estendidas a outras instâncias do Judiciário.

FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/05/14/lideres-querem-avancar-com-pec-que-limita-decisoes-individuais-no-stf-mas-defendem-cautela-para-evitar-represalias.ghtml


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